
Entre Fadas e Borboletas circulamos. Neste movimento transitório, inalterável, percorremos. Entre mistérios e paraísos lilases equilibramos. Entre matizes rosas e azuis voamos. E nos canteiros perfumados cultivamos. As flores mais lindas colhemos. Rosas vermelhas ou brancas exalamos. E nas manhãs de verão, nos amamos. (Paty Padilha)
segunda-feira, 23 de junho de 2008

Caminhamos ao encontro do amor e do desejo. Não buscamos lições, nem a amarga filosofia que se exige da grandeza. Além do sol, dos beijos e dos perfumes selvagens, tudo o mais nos parece fútil. Quando a mim, não procuro estar sozinho nesse lugar. Muitas vezes estive aqui com aqueles que amava, e discernia em seus traços o claro sorriso que neles tomava a face do amor. Deixo a outros a ordem e a medida. Domina-me por completo a grande libertinagem da natureza e do mar.
Nunca conseguira arrepender-me verdadeiramente de nada.Assaltaram-me as lembranças de uma vida que já não me pertencia, mas onde encontrara as mais pobres e as mais tenazes das minhas alegrias: cheiros de verão, o bairro que eu amava, um certo céu de entardecer, o riso e os vestidos de Marie.
Respondi que nunca se muda de vida; que, em todo caso, todas se equivaliam, e que a minha, aqui, não me desagradava em absoluto.
— Não, não consigo acreditar. Tenho certeza de que já lhe ocorreu desejar uma outra vida.
Respondi-lhe que naturalmente, mas que isso era tão importante quanto desejar ser rico, nadar muito de pressa ou ter uma boca mais bem feita. Era da mesma ordem. Mas ele me deteve e quis saber como eu imaginava essa outra vida. Então gritei:
— Uma vida na qual me pudesse lembrar desta vida.
Também eu me sinto pronto a reviver tudo. Como se esta grande cólera me tivesse purificado do mal, esvaziado de esperança, diante desta noite carregada de sinais e de estrelas, eu me abria pela primeira vez à tenra indiferença do mundo. Por senti-lo tão parecido comigo, tão fraternal, enfim, senti que fora feliz e que ainda o era.
Albert Camus
Nunca conseguira arrepender-me verdadeiramente de nada.Assaltaram-me as lembranças de uma vida que já não me pertencia, mas onde encontrara as mais pobres e as mais tenazes das minhas alegrias: cheiros de verão, o bairro que eu amava, um certo céu de entardecer, o riso e os vestidos de Marie.
Respondi que nunca se muda de vida; que, em todo caso, todas se equivaliam, e que a minha, aqui, não me desagradava em absoluto.
— Não, não consigo acreditar. Tenho certeza de que já lhe ocorreu desejar uma outra vida.
Respondi-lhe que naturalmente, mas que isso era tão importante quanto desejar ser rico, nadar muito de pressa ou ter uma boca mais bem feita. Era da mesma ordem. Mas ele me deteve e quis saber como eu imaginava essa outra vida. Então gritei:
— Uma vida na qual me pudesse lembrar desta vida.
Também eu me sinto pronto a reviver tudo. Como se esta grande cólera me tivesse purificado do mal, esvaziado de esperança, diante desta noite carregada de sinais e de estrelas, eu me abria pela primeira vez à tenra indiferença do mundo. Por senti-lo tão parecido comigo, tão fraternal, enfim, senti que fora feliz e que ainda o era.
Albert Camus
"Receituário da Alegria"
1-Quando sair de casa, não esqueça a alegria dentro do armário.
2-Os Doutores da Alegria advertem: rir em excesso pode causar bem-estar.
3-A alegria é contagiante. Deixe que ela se torne uma epidemia.
4-Para viver com alegria, a receita é retomar o bom-humor de 2 em 2 horas.
5-Não tenha medo de se divertir.
6-A felicidade não tem contra-indicações.
7-Faça uma reflexão periódica sobre o seu humor.
8-Quando o seu sorriso se tornar uma surpresa para as pessoas, é hora de cuidar da sua personalidade.
9-De vez em quando esqueça aquele papo de manter os pés no chão.
10-Não tenha vergonha de ser ridiculamente feliz.
11-Uma risada vale mais do que mil palavras.
12-Quem não ri, vive pela metade.
2-Os Doutores da Alegria advertem: rir em excesso pode causar bem-estar.
3-A alegria é contagiante. Deixe que ela se torne uma epidemia.
4-Para viver com alegria, a receita é retomar o bom-humor de 2 em 2 horas.
5-Não tenha medo de se divertir.
6-A felicidade não tem contra-indicações.
7-Faça uma reflexão periódica sobre o seu humor.
8-Quando o seu sorriso se tornar uma surpresa para as pessoas, é hora de cuidar da sua personalidade.
9-De vez em quando esqueça aquele papo de manter os pés no chão.
10-Não tenha vergonha de ser ridiculamente feliz.
11-Uma risada vale mais do que mil palavras.
12-Quem não ri, vive pela metade.
Mãos

Côncavas de ter
Longas de desejo
Frescas de abandono
Consumidas de espanto
Inquietas de tocar e não prender
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Sophia de Mello Breyner Andresen
domingo, 22 de junho de 2008
Fadas não dormem

Fadas não dormem...
Seus olhos são como janelas que ficam
num eterno entardecer...
Fadas são inquietas e brilhantes
como um farol na ponta de um rochedo...
Invadindo indiscretas a escuridão do peito.
Fadas são sábias como velhos livros,
são brilhantes do espaço e do tempo.
Seres de opalina, pérolas e diamantes
voando entre ondas de música.
Fadas são donas dos mistérios, dos silêncios e dos ruídos.
Suas presenças são rápidos reflexos de vagos anseios divinos.
Fadas são almas escondidas em corpos humanos...
Gasparetto
Seus olhos são como janelas que ficam
num eterno entardecer...
Fadas são inquietas e brilhantes
como um farol na ponta de um rochedo...
Invadindo indiscretas a escuridão do peito.
Fadas são sábias como velhos livros,
são brilhantes do espaço e do tempo.
Seres de opalina, pérolas e diamantes
voando entre ondas de música.
Fadas são donas dos mistérios, dos silêncios e dos ruídos.
Suas presenças são rápidos reflexos de vagos anseios divinos.
Fadas são almas escondidas em corpos humanos...
Gasparetto
Aquela saudade

Era como se naquele instante, uma pontinha de saudade a invadisse mas, ela(definitivamente) não deseja mais aquele homem. Sua mente era como pequenos pedaços de papel rasgados e amassados jogados num canto qualquer, pedaços estes, onde continham rabiscos(eram lindos) de poemas com juras de amor e que foram desprezados por aquele homem. Agora era exatamente o que ela queria fazer com aquele sentimento que embora pouco ainda existia.
Eram um tiquinho de sensações que ela fazia questão de substituir por coisas boas e meio bobas: rir até sentir o rosto doer, enfrentar um supermercado sem filas, digirir numa estrada bem bonita, encontrar uma nota de 100 reais, num casaco dentro do armário, ir a um bom show, assistir um DVD com Bruce Willis ou Jony Depp (isso também causa muito prazer)fazer novos amigos ou ficar junto dos velhos (que faziam muito por aturá-la nas TPMs), chocolate quente... hummm. Enfim, tudo que desse prazer, menos 'ele'.
Paty Padilha
sábado, 21 de junho de 2008
Vaso Chinês

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzídio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
Alberto de Oliveira
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzídio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
Alberto de Oliveira

"Sabe, eu me perguntava até que ponto
você era aquilo que eu via em você
ou apenas aquilo que eu queria ver em você,
eu queria saber até que ponto você
não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia,
e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você
todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo,
sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas,
e pensava que amar era só conseguir ver,
e desamar era não mais conseguir ver, entende?"
Caio Fernando Abreu
você era aquilo que eu via em você
ou apenas aquilo que eu queria ver em você,
eu queria saber até que ponto você
não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia,
e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você
todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo,
sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas,
e pensava que amar era só conseguir ver,
e desamar era não mais conseguir ver, entende?"
Caio Fernando Abreu
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Caio Fernando Abreu
Chefa Mafiosa das Fadas

Fada azul
A Fada Azul
Falam as mas línguas
Que é a Chefa Mafiosa
Mas que mentira...
Ela da amor e carinho
Para as Fadas Rosa, Amarela e Ruiva
Fada Melada(amarela pros íntimos)
No meu mundo de magia
Vivo em plena calmaria
Mas às vezes a ventania
Sacode muito minha asinha
É que baixa a pomba gira
Na fada azul que louca ,pira!
Espalhando carinho e alegria
Cada vez que ela suspira
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Fada Rosa
Sou fada e rosa,
Toda esplendorosa!
Meio carente, confesso...
Mas quero apenas o sucesso,
Da verdadeira amizade...
Fada Ruiva
Dizem ser a Fada Azul
a Chefa Mafiosa
É ela quem cita
Ordem e as regras
É ela quem faz!
Mesmo sendo a Chefa
Inspira amor e carinho e Paz!
(Graciela da cunha, Bernadette Moscareli, Valquiria Cordeiro e Paty Padilha)
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Bernadette Moscareli,
Paty Padilha,
Valquíria Cordeiro
Doce inverno
Com você meu inverno,
É doce como o mel...
Seu amor é tão terno,
Que faz desse inverno,
Meu céu...
O frio que lá fora,
Cala o peito de quem chora,
Aqui é suave e brando,
Com você me amando,
Toda a hora...
No calor dos seus braços,
Eu me sinto muito protegida
Só espero por seus abraços,
Que me deixam aquecida...
Aquecida desse inverno...
Que chegou no tempo certo,
E que me trouxe mais pra perto,
Do seu amor...
Com o inverno nosso amor,
Ficou mais quente,
Somo um do outro,
Somente...
Valquíria Cordeiro
É doce como o mel...
Seu amor é tão terno,
Que faz desse inverno,
Meu céu...
O frio que lá fora,
Cala o peito de quem chora,
Aqui é suave e brando,
Com você me amando,
Toda a hora...
No calor dos seus braços,
Eu me sinto muito protegida
Só espero por seus abraços,
Que me deixam aquecida...
Aquecida desse inverno...
Que chegou no tempo certo,
E que me trouxe mais pra perto,
Do seu amor...
Com o inverno nosso amor,
Ficou mais quente,
Somo um do outro,
Somente...
Valquíria Cordeiro
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Valquíria Cordeiro
Fada Safada
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Saudades André Valli - Eterno Visconde de Sabugosa


O reino das fábulas infantis amanheceu de luto.
Morreu esta madrugada, em seu apartamento em Copacabana, por volta das 4h, vítima de um câncer, André Valli. O ator ficou conhecido popularmente como o eterno Visconde de Sabugosa, personagem que interpretou por dez anos na primeira versão do "Sitio do Pica Pau Amarelo".
André nasceu em Recife e estreou profissionalmente em 1965, no Rio de Janeiro, com a peça "Roda Viva",, de Chico Buarque. Seu último trabalho em novelas foi em "Laços de Família", de Manoel Carlos.
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Sintaxe À Vontade

O Teatro Mágico
Composição: Fernando Anitelli
... todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
todo verbo é livre para ser direto ou indireto
nenhum predicado será prejudicado
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e
ponto final!
afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas,
entre vírgulas
e estar entre vírgulas é aposto
e eu aposto o oposto que vou cativar a todos
sendo apenas um sujeito simples.
Pequena e triste fada
O lápis do carpinteiro

E lhe ensinava coisas.
Por exemplo, que o mais difícil de pintar era a neve.
E o mar, e os campos.
(...) Os esquimós, disse-lhe o pintor,
distinguem até quarenta cores na neve,
quarenta espécies de brancura.
Por isso, os que melhor pintam o mar,
os campos e a neve são as crianças.
Porque a neve pode ser verde
e o campo branquear como os cabelos de um velho camponês.
De Manuel Rivas
Por exemplo, que o mais difícil de pintar era a neve.
E o mar, e os campos.
(...) Os esquimós, disse-lhe o pintor,
distinguem até quarenta cores na neve,
quarenta espécies de brancura.
Por isso, os que melhor pintam o mar,
os campos e a neve são as crianças.
Porque a neve pode ser verde
e o campo branquear como os cabelos de um velho camponês.
De Manuel Rivas
Classificados poéticos

Perdi maleta cheia de nuvens
e de flores
maleta onde eu carregava
todos os meus amores embrulhados
em neblina.
Perdi essa maleta em alguma esquina de algum sonho
e desde então eu ando tristonho
sem saber onde pôr as mãos.
Se andando pelas ruas
você encontrar a tal maleta
por favor me avise em pensamento
que eu largo tudo e venho correndo...
Roseana Murray
Arrumações caseiras
Abro a caixa do poema para descobrir velhos versos, estrofes que ficaram a meio, imagens gastas pelo bolor dos anos. Devia ter deitado tudo para o lixo, no meio de metáforas sem uso, de aliterações surdas, de hipérboles furadas como balões de feira. Mas encontro palavras que ainda me servem, as que falam de coisas que não passam, as que trazem um eco de vozes que voltam a soar aos meus ouvidos, como se estivessem comigo. E volto a fechá-la, para não perder o que nunca tive.
Nuno Júdice
Nuno Júdice
Barbie por Maquiagem

~ *A menina que aos poucos foi trocando a barbie por maquiagem.Trocando seu mundo de sonhos pelo da realidade. Hoje sua vida segue em frente... O passado não importa. Ela vive o presente!!!
A garotinha que cansou de acreditar que contos de fadas começam com “era uma vez” e terminam com “um finαl feliz”...
Sou muito mais que essas letras, frases e fotos que falam sobre mim...
Sou as minhas atitudes, os meus sentimentos, as minhas idéias...
O que realmente faz valer a pena estar vivo, não há filmadora ou máquina fotográfica que registre...
Surpresas, gargalhadas, lágrimas, enfim, o que eu sinto, quem eu sou, você só vai perceber quando olhar nos meus olhos, ou melhor, além deles...
Posso até ser pequena pra quem vê... Mas gigante pra quem ama!!!*~
(AD)

A única maneira de teres sensações novas
é construíres-te uma alma nova.
Baldado esforço o teu de querer sentir outras coisas
sem sentires de outra maneira,
e sentires de outra maneira sem mudares de alma.
Porque as coisas são como nós as sentimos
- há quanto tempo sabes tu isto sem o saberes?
- e o único modo de haver coisas novas,
de sentir coisas novas é haver novidade no senti-las.
Muda de alma.
Como?
Descobre-o tu.
Fernando Pessoa
Fada

Ela tem asas para voar
e tem brilho no olhar.
Ela encanta, ela seduz,
sabe a mágica de amar.
Capaz de ajudar os outros,
cheia de nobres sentimentos.
Dotada de super instintos,
munida de nobres talentos!
Ela é muito transparente
e sabe lidar com a emoção.
No peito carrega um tesouro
chamado de coração.
Teu perfume é suave
ao mesmo tempo intrigante.
Tem um sexto sentido aguçado
e um humor fascinante.
Sua varinha de condão
levam os segredos da vida.
Tua alma é livre e solta,
sua áurea colorida!
É tão cheia de mistérios,
tão forte e tão delicada.
Mas é certo que neste mundo,
toda mulher é uma Fada!
Mell Glitter
e tem brilho no olhar.
Ela encanta, ela seduz,
sabe a mágica de amar.
Capaz de ajudar os outros,
cheia de nobres sentimentos.
Dotada de super instintos,
munida de nobres talentos!
Ela é muito transparente
e sabe lidar com a emoção.
No peito carrega um tesouro
chamado de coração.
Teu perfume é suave
ao mesmo tempo intrigante.
Tem um sexto sentido aguçado
e um humor fascinante.
Sua varinha de condão
levam os segredos da vida.
Tua alma é livre e solta,
sua áurea colorida!
É tão cheia de mistérios,
tão forte e tão delicada.
Mas é certo que neste mundo,
toda mulher é uma Fada!
Mell Glitter
A Fada das crianças

Do seu longínquo reino cor-de-rosa,
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças vem, luzindo.
Papoulas a coroam, e, cobrindo
Seu corpo todo, a tornam misteriosa.
À criança que dorme chega leve,
E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,
Os seus cabelos de ouro acaricia –
E sonhos lindos, como ninguém teve,
A sentir a criança principia.
E todos os brinquedos se transformam
Em coisas vivas, e um cortejo formam:
Cavalos e soldados e bonecas,
Ursos e pretos, que vêm, vão e tornam,
E palhaços que tocam em rabecas…
E há figuras pequenas e engraçadas
Que brincam e dão saltos e passadas…
Mas vem o dia, e, leve e graciosa,
Pé ante pé, volta a melhor das fadas
Ao seu longínquo reino cor-de-rosa.
Fernando Pessoa
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças vem, luzindo.
Papoulas a coroam, e, cobrindo
Seu corpo todo, a tornam misteriosa.
À criança que dorme chega leve,
E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,
Os seus cabelos de ouro acaricia –
E sonhos lindos, como ninguém teve,
A sentir a criança principia.
E todos os brinquedos se transformam
Em coisas vivas, e um cortejo formam:
Cavalos e soldados e bonecas,
Ursos e pretos, que vêm, vão e tornam,
E palhaços que tocam em rabecas…
E há figuras pequenas e engraçadas
Que brincam e dão saltos e passadas…
Mas vem o dia, e, leve e graciosa,
Pé ante pé, volta a melhor das fadas
Ao seu longínquo reino cor-de-rosa.
Fernando Pessoa

E então ficamos os dois em silêncio, tão quietos
como dois pássaros na sombra, recolhidos
ao mesmo ninho,
como dois caminhos na noite, dois caminhos
que se juntam
num mesmo caminho...
Já não ouso... já não coras...
E o silêncio é tão nosso, e a quietude tamanha
que qualquer palavra bateria estranha
como um viajante, altas horas...
Nada há mais a dizer, depois que as próprias mãos
silenciaram seus carinhos...
Estamos um no outro
como se estivéssemos sozinhos...
J.G. de Araujo Jorge
como dois pássaros na sombra, recolhidos
ao mesmo ninho,
como dois caminhos na noite, dois caminhos
que se juntam
num mesmo caminho...
Já não ouso... já não coras...
E o silêncio é tão nosso, e a quietude tamanha
que qualquer palavra bateria estranha
como um viajante, altas horas...
Nada há mais a dizer, depois que as próprias mãos
silenciaram seus carinhos...
Estamos um no outro
como se estivéssemos sozinhos...
J.G. de Araujo Jorge
Marcadores:
JG de Araujo Jorge
Migração de rosas

De onde emigraram as rosas
que brotaram nos teus seios
de onde vêm nestas auroras
derramando os teus anseios
sobre o corpo que a desoras
atrai-me o corpo sem freios?
E de onde és me digas onde
onde o olhar dos jardineiros
em qual luz o olhar esconde
os florais dos teus canteiros?
Se a brisa não me responde
onde os beijos passageiros...
De onde a alma tão sozinha
vem perdidamente em mim
perguntar se tu eras minha
quando eu fui amado assim...
De onde migraram as rosas
que plantas no meu jardim?
A. Estebanez
(Poema dedicado à amiga
Graciela Leães Alvares da Cunha)
quarta-feira, 18 de junho de 2008
3 amigas

Nós nos fizemos amigas pela coincidência de sentimentos na valorização do humilde,no gosto pelo autêntico, na ternura pelas coisas que conservam a sombra de uma presença humana: velhos objetos sem dono, lembranças do passado, restos indefesos do esforço - quase sempre malogrado - de viver. Assim, descobrimos que amávamos o que ninguém mais ama, que tínhamos a alma carregada de retalhos de antigos vestidos, pedaços de louças quebradas, relógios perdidos, retratos irreconhecíveis, livros que se nos desfaziam nas mãos, palavras algum dia ouvidas e como escritos num muro eterno diante de nós. (...) Desejamos que nada se perdesse do que um dia foi feito com a amorosa intenção de durar. Diante de um mundo ingrato e amargo, ávido de imediatismo, ousávamos dirigir também os nossos olhos para o que ia ficando para trás. Para o que se abandonava e esquecia. E ficamos amigas para sempre.
Cecília Meireles
Cecília Meireles
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