Entre Fadas e Borboletas circulamos. Neste movimento transitório, inalterável, percorremos. Entre mistérios e paraísos lilases equilibramos. Entre matizes rosas e azuis voamos. E nos canteiros perfumados cultivamos. As flores mais lindas colhemos. Rosas vermelhas ou brancas exalamos. E nas manhãs de verão, nos amamos. (Paty Padilha)
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
"Nascete onde eu nasci. Creio que ao mesmo dia vimos a luz do sol, meu glorioso irmão gêmeo! Vi-te a ascensão do tronco e a ansiedade que havia de seres o maior do verdejante grêmio. (...)
- Ouve-me agora a mim que, em vez de ti, vegeto: Já que em ti não pesei, entre os fulcros de um tálamo, faze-te abrigo meu nas entraves de meu teto!" (Emílio de Menezes)
"Porque sorrias, me encheste, Sorrindo da tua graça.
Houvesses sempre de andar Ao colo de tua mãe!" (Reinaldo Ferreira)
"Longa e breve pausa O tempo passará Ele repassará (...)
Só mais um momento Senhor Leitor O tempo de uma palavra nua Entre duas viradas
O que me canta dobra-se Aos calibres das cores." (Michel Deguy)
Eu!? - Nasci, regalei os únicos olhos. eu hesitei. hesito. não sou eu. isso não sou. insisto. sou isso. eu vou. as-as na porta do céu. não fui o bastante? o bastante fui eu. suplico. um tempo ao tempo, sangro no copo, eu bebo. e atento. te beijo, me quer? que sono. me inspire. respire. me. implico, sou o que te falta, sou a falta, a sua falha, o sapato; furado, sou o tudo, impecável, perca o receio, me ame denovo, em pleno recreio, sou o nada e o gigante na fechadura da sua porta. (Mariana de Matos)
Nesta curva tão terna e lancinante que vai ser que já é o teu desaparecimento digo-te adeus e como um adolescente tropeço de ternura por ti.
Música para meus ouvidos, faça-me entrar em êxtase, ressoe em minha alma, alimente-me com sua graça, acalme meu coração, relaxe meu corpo, cure por pouco tempo minha profunda ferida, faça com que saia deste lugar e deste corpo, leve-me para bem longe, próximo da minha amada, aqueça meu solitário e frio coração, contemple-me com sua melodia, toque e nunca mais pare. (AD)
"falta aqui tudo o que amámos juntos, o teu sorriso com as ruas dentro, o secreto rumor das tuas veias abrindo sulcos de palavras fundas no rosto da noite inesperada. Falta sobretudo à roda dos teus olhos a pura ressonância da alegria.
Lembro-me de uma noite em que ficámos nus para embalar um beijo ou uma lágrima. Lutando, de mãos cortadas, até romper o dia, o, intacto, nas pálpebras molhadas dos lírios.
Tu não eras ainda este perfil"
(...)
(Eugénio de Andrade)
Na verdade, somos uma só alma, tu e eu.
Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti Eis aqui o sentido profundo da minha relação contigo, Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu. (Jalal Al-Din Rumi)