Entre Fadas e Borboletas circulamos. Neste movimento transitório, inalterável, percorremos. Entre mistérios e paraísos lilases equilibramos. Entre matizes rosas e azuis voamos. E nos canteiros perfumados cultivamos. As flores mais lindas colhemos. Rosas vermelhas ou brancas exalamos. E nas manhãs de verão, nos amamos. (Paty Padilha)
As fontes estão secas e as rosas acabaram. Incenso da morte. O teu dia aproxima-se. As pêras engordam como pequenos budas. Uma névoa azul prolonga o lago.
Moves-te atravês da era dos peixes, dos presumidos séculos do porco... A cabeça, os dedos dos pés e das mãos saem nítidos da sombra. A História
alimenta estas caneluras quebradas, estas coroas de acantos, e o corvo vem arranjar as suas vestes. Tu herdas a urze branca, uma asa de abelha.
Dois suicidas, os lobos da família, horas de escuridão. Algumas estrelas isoladas já iluminam os céus. A aranha na sua própria teia
atravessa o lago. Os vermes abandonam as suas casas habituais. As pequenas aves convergem, convergem com as suas dádivas para um difícil nascimento.
Sylvia Plath traduzida por Maria de Lourdes Guimarães
Aqui nesta praia onde Não há nenhum vestígio de impureza, Aqui onde há somente Ondas tombando ininterruptamente, Puro espaço e lúcida unidade, Aqui o tempo apaixonadamente Encontra a própria liberdade.
Sophia de Mello Breyner Andresen
"Olha amor meu, não "tô" só. Tenho as flores que plantastes. São ternuras que deixastes dentro do meu coração..."
Se gritasse, quem das legiões de anjos escutaria o grito? E mesmo se, inesperadamente, um deles me acolhesse no coração: sucumbiria à sua existência mais forte! Pois o belo não é senão o princípio do espanto que mal conseguimos suportar, e ainda assim, o admiramos porque, sereno, deixa de nos destruir. Todo anjo é espantoso.
(...)
E a noite, a noite quando o vento cheio de espaços do mundo nos desgasta a face - para quem ela não saberia ser desejo e suave decepção, ela, cuja proximidade pesa sobre o coração solitário! Será mais leve para os amantes? Juntos, eles apenas encobrem um para o outro seu destino. Ainda não sabias? Lança o vazio aprisionado nos braços para os espaços que respiramos! Talvez os pássaros sintam, num vôo de maior intimidade, o ar mais amplo.