segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Tu não te moves de ti


"Estou vivo e é por isso que o peito se desmancha
contemplando, o coração é que contempla o mundo
e absorve matéria do infinito,
eu contemplando sou uma única e solitária visão,
no entanto soma-se a mim
o indescritível e único ser do outro,
um contorno poderoso, uma outra vastidão
de corpos, frescor e sofrimento,
mergulho no hálito de tudo que contemplo,
sou eu-teu-corpo ali, lançado às estrelas,
sou no infinito, sou em tudo por que
meu coração-pensamento existe em tumulto,
espanto, piedade, te sabe, te contempla."
(Hilda Hilst)

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