(“As cartas de amor são ridículas...” Fernando Pessoa)
Ouso dizer-te, meu amor,
que tua ausência é uma mesma carência de mim.
Nossos eus se emaranham e já não sei em
que ponto me quedo, em que ponto te levantas.
A que limite sou eu que te busco, ou tu que me alcanças?
Quando prosa ritmada, quando verso sem pé? Faca ou colher?
Abissal ou vazante de maré? Quando manha, quando ferida?
Onde pecado, onde pudor? Em que berço com teus sonhos me deito?
Com meus sonhos te despertas em que leito?
Cara ou metade? Lucidez ou enfermidade?
Se resquício de ti, se memória de mim, já o que importa?
Onde defeito , onde um querer-te assim mais que perfeito, sem fim?
Fernando Campanella
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