Tens perfil de alameda. Nos teus olhos correm
gotas de luz e mel, a procurar o dia,
e como a terra e o mar, que estranhos se percorrem,
és líquido e perene em minha fantasia.
De ti, uma pantera surge no menino
em que descansas. Braços de floresta antiga
são teus gestos de musgo onde teço meu hino
e em teu mistério verde o meu medo se abriga.
Por certo vou temer-te. És pântano selvagem
embora de doçura; se eu seguir teu rumo
afundarei sozinha em névoas de miragem.
Para poder tocar-te é necessária a idade
do sonho. Mas em vão eu ando e te resumo
pisando em minha volta a espessa realidade.
Lupe Cotrim
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