domingo, 11 de maio de 2008


É costume, à noite, todas as boas mães,
depois dos filhos estarem a dormir,
inspeccionarem os seus espíritos
e porem as coisas no seu lugar
para a manhã seguinte,
colocando nos lugares próprios
muitas das coisas
que andaram desarrumadas
durante o dia.
Quando acordam de manhã,
a maldade e as paixões ruins
com que se deitaram
foram dobradas e guardadas
no fundo da vossa mente e,
por cima, lindamente arejados,
estão estendidos
os vossos pensamentos mais bonitos,
prontos para serem usados.

J.M. Barrie

Namaste!

Saudades sem Fim

Desejo retornar ao útero materno
Local quente, protegido, amado e cuidado
Tenho saudades das mãos sobre minha cabeça e o arranjar do meu corpo
Dos sonhos que ouvia e dos amores dos quais fui cúmplice e coadjuvante
Tenho direito de ter saudades das canções de ninar e das orações suplicantes
Tenho saudades das batidas do coração dela
Do funcionamento dos órgãos e dos desejos
Saudades de mim e dela fora de mim
Saudades da espera ansiosa e, por vezes, paciente de minha chegada
Eu cheguei
Ela se foi
De tudo sobrou o muito da memória viva do meu complexo
E da sempre eterna e inexorável vontade de novamente fazer parte dela.

Lúcio Barros