Entre Fadas e Borboletas circulamos. Neste movimento transitório, inalterável, percorremos. Entre mistérios e paraísos lilases equilibramos. Entre matizes rosas e azuis voamos. E nos canteiros perfumados cultivamos. As flores mais lindas colhemos. Rosas vermelhas ou brancas exalamos. E nas manhãs de verão, nos amamos. (Paty Padilha)
segunda-feira, 2 de junho de 2008
"Entretanto sou incapaz de dizer o que é que eu quero, apesar de ansiar pelo que espero de alguma forma secreta. Pois muitas vezes, e com freqüência cada vez maior, a medida que o tempo passa, dou comigo de repente a interromper minhas andanças, como se eu fosse paralisada por um olhar estranho e novo sobre a superfície da terra que conheço tão bem. Um olhar que insinua alguma coisa; mas que se vai antes de eu perceber seu sentido. É como se um riso nunca visto furtivamente se estendesse num rosto bem conhecido; por um lado dá medo, no entanto por outro ele nos faz um sinal."
(Contos Completos – O diário de Mistress Joan Martyn)
Dicionário educado IV
Refazendo
O poema quieto,
Conformado no silêncio
Da folha que o prendia em linhas.
Sem saber como deixar de ser letras
Pousadas ali, tão seletas.
Precipita-se em retalhos
E como pássaros recortados
Antecipa meu olhar no talho.
Meu desejo ousa vôo,
Reconta o sentido
Do verso emissário.
Gira piruetas na folha,
Inventando sentidos
A sua existência de verso.
Num sopro desfaz-se a linha,
Pousando de novo se alinha
No que a mão do poeta continha.
Rachel D.Moraes
Sonetos que não são
Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha.)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
Hilda Hilst
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