segunda-feira, 2 de junho de 2008


...A liberdade não se veste bem,
não tem bons modos,
não liga para que os outros vão dizer,
Ser absolutamente livre tem um ônus que poucos se atrevem a pagar.

Martha Medeiros

A mulher é poesia divina em movimento, quando interajo com esta mística criatura e libertados são meus cinco sentidos, viajo pelo mundo da magia e acontece o milagre da materialização em versos de meu pensamento.

Valter Montani

"Entretanto sou incapaz de dizer o que é que eu quero, apesar de ansiar pelo que espero de alguma forma secreta. Pois muitas vezes, e com freqüência cada vez maior, a medida que o tempo passa, dou comigo de repente a interromper minhas andanças, como se eu fosse paralisada por um olhar estranho e novo sobre a superfície da terra que conheço tão bem. Um olhar que insinua alguma coisa; mas que se vai antes de eu perceber seu sentido. É como se um riso nunca visto furtivamente se estendesse num rosto bem conhecido; por um lado dá medo, no entanto por outro ele nos faz um sinal."
(Contos Completos – O diário de Mistress Joan Martyn)

Dicionário educado IV


Quando alguém olha para você e estende aquele dedo do meio,
ele está querendo dizer:

"Escuta aqui,
você não é mindinho,
não é o fura-bolo e,
muito menos,
o cata-piolho!

Você é o maior de todos, amigão!!!

Você é o maior de todos!!!"

Rita Apoena

"Iluminar
para sempre

Iluminar tudo

Iluminar
por toda
a eternidade

Iluminar e só

Este é o meu lema
E o do sol"


Vladimir Maiakovski

Refazendo


O poema quieto,
Conformado no silêncio
Da folha que o prendia em linhas.
Sem saber como deixar de ser letras
Pousadas ali, tão seletas.

Precipita-se em retalhos
E como pássaros recortados
Antecipa meu olhar no talho.
Meu desejo ousa vôo,
Reconta o sentido
Do verso emissário.

Gira piruetas na folha,
Inventando sentidos
A sua existência de verso.
Num sopro desfaz-se a linha,
Pousando de novo se alinha
No que a mão do poeta continha.

Rachel D.Moraes

Sonetos que não são


Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha.)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.

Hilda Hilst