quinta-feira, 6 de março de 2008

Namaste

Dança

Despeço-me, para voltar mais uma vez ao teu suplício, à vontade que tenho de te conseguir, de fazer vencer, como sempre, os passos que cruzaste no tempo, entre homens e mulheres que te seguiam, sem saberem. És como mãe, invisível nos desafios que propões: generosas são as mãos que me levantam alto e me devolvem à terra, para que o seu cheiro e a sua dor ganhe sentido, em mim.
A dor da terra é tremenda, quando pisada depois de um Salto. Assalto à memória, à saudade de subir ao ramo mais alto e dizer-me lua, ou flôr pequena, que queda leve sem sentir. Que bom que era! Amassar o chão frio de pele crua, sem arrepios de medo.
Agora, de pés receosos, mais sábios que outrora, o atrito encarece o movimento.
Esse atrito, que se acumula ao canto da boca e reserva a trama das palavras secretas, que sedimenta o coração com camadas rugosas de desarmadas paixões e, no final, desmascarado nos beija, para que tentemos mais uma vez, o salto mais alto. Aquele que nos amadurece, que traça o movimento das correntes e remove o fundo do mar. Ser o atrito do chão, da gente, da vida que nos invade, e poder dançar, um dia, todos os dias, a canção do Nosso Berço.
Mãe cambiante, de vento enternecido, tomas a imagem das pernas e dos braços, o corpo com alma querido por mim.
(Catarina Morato)

enya - only time - live


"Amar não dá poder, é o despoder. Ensina a generosidade, a vontade de se diminuir para que o amor aumente. Amar é ceder o gosto, a vida, o futuro. É oferecer a metade da gaveta, da cama, da luz, do banho, da mesa, da folha. É oferecer o que ainda nem se chegou a conhecer..."
(Fabricio Carpinejar)

Mulher misteriosa, tem na face um olhar brejeiro, sorriso aberto e gestos encantadores.
Quando dança, a carne vibra paixão, exaltando a alma livre que pulsa em seu coração,
transmitindo a magia e o poder da sedução.
Sua verdade segue, alada à intuição, sem pensar ferir a raça, ou quebrar a tradição.
Saboreia a liberdade, sem fincar os pés no chão, conhece os segredos da magia, inscritos na palma das mãos.
Passado o presente, vem o futuro que Deus lhe deu, seu destino reúne valores, que pode transportar a luz do sol sob o luar, seu lar é um acampamento, onde para amar.
Nada se impõe à vida, que precisa passar sobre mares, rios, e pontes que possa atravessar.
Alegre, dança; triste, encanta, sem jamais chorar.
Mulher cigana é uma estrela, que ninguém pode tocar.
(AD)

A FLOR-DE-LÓTUS


No dia de chuva
Em que a flor de lótus
Desabrochou, a minha mente
Vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia
E a flor ficou esquecida.

Somente agora e novamente,
A pecebi...
Uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho
Sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.

Essa vaga doçura fez
O meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente
Do verão, procurando completar-se.

Eu não sabia então, que
A flor estava tão perto de mim...
Que ela era minha,
E que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado
No fundo do meu coração.
(RABINDRANATH TAGORE)

Bom diaaaaaaaa

MENINA & MULHER


É algo de mulher que me fascina
nesse teu jeito etéreo de me amar
como nuvem que a lua descortina
no corpo dos lençóis entre o luar...

É algo de mulher que me alucina
perene amor que mata sem matar
uma parte mulher e outra menina
ditoso amor de meu eclipse lunar...

É algo que me encanta de tal jeito
e sangra sem doer dentro do peito
e alegra-se do sim na dor do não...

E me ama no regresso do menino
homem feito na linha do destino
já transcrito a punhal no coração...
(A. Estebanez)