terça-feira, 23 de novembro de 2010

- Ela é tão livre que um dia será presa.
- Presa por quê?
- Por excesso de liberdade.
- Mas essa liberdade é inocente?
- É. Até mesmo ingênua.
- Então por que a prisão?
- Porque a liberdade ofende.


=Clarice Lispector=


"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam
sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."

Antoine de Saint-Exupery

Lindoooooooooo


'...e do céu descesse uma névoa de borboletas,
cada qual trazendo uma pérola falante a
dizer frases sutis e palavras de galantearia'


Drummond

Os rios recebem, no seu percurso, pedaços de pau,
folhas secas, penas de urubu
E demais trombolhos.
Seria como o percurso de uma palavra antes de
chegar ao poema.
As palavras, na viagem para o poema, recebem
nossas torpezas, nossas demências, nossas vaidades.
E demais escorralhas.
As palavras se sujam de nós na viagem.
Mas desembarcam no poema escorreitas: como que
filtradas.
E livres das tripas do nosso espírito.


Manoel de Barros

Um pouquinho de poesia...


O vigor oculto de uma fruta delicada se dá a ver no suco de jabuticaba.
Uma vez na boca, parece que nos rapta a alma.
Mas nada como um refresco de melão com melissa para acalmar as lágrimas.
E para incitar a lascívia, um néctar de pêssego com um toque de gengibre em lascas.
Aliás, dos afrodisíacos, nada tão incisivo quanto da flor do absinto.
Para se tomar em doses mínimas, nas noites de quinta ou nas tardes de domingo.
Ainda sugiro, no caso de alergias, um suco de maçã com camomila, duas ou três vezes ao dia.
E uma última dica: ao tomar uma xícara de café com cardamomo,
deixe que sua boca delire.


Texto da Maria Esther Maciel, O livro de Zenóbia