quarta-feira, 24 de setembro de 2008


Este amor em meadas e triciclos
que nunca se divide, confluindo
e torna noite, este sapato findo
e o firmamento, silencioso ciclo.

Este amor em meadas, infinito.
Em meadas de orvalho, desavindo,
em meadas e quedas, rugas, trincos
e rusgas, trinos, pios e sóis contritos.

Este amor me retece e configura.
Tem pressa de crescer, fogo calado.
Apenas queima, quando não se apura.

Parece interminável, quando tomba.
E só se apura, quando despertado.
Dissolvido me solve em clara onda.

Carlos Nejar

Quanto mais fecho os olhos melhor vejo;
o dia todo vi coisas vulgares
mas quando durmo em sonho te revejo
pondo no escuro luzes estelares,
tu, cuja sombra faz brilhar as sombras,
como podes formar das sombras luzes
no claro dia que de luz assombras
pois tanto brilho no negror produzes?
Como podem meus olhos abençoados
assim te ver brilhar em pleno dia
quando na noite escura deslumbrados
dentro de fundo sono eu já te via?
Meu dia é noite quando estás ausente
e à noite eu vejo o sol se estás presente.

Shakespeare

Ai! ardido peito
quem irá entender o teu segredo?
quem ira pousar em teu destino?
e depois morrer do teu amor?

ai! mas quem virá?
me pergunto a toda hora
e a resposta é o silêncio
que atravessa a madrugada

vem meu novo amor
vou deixar a casa aberta
já escuto os teus passos
procurando meu abrigo

vem, que o sol raiou
os jardins estão florindo
tudo faz pressentimento
que este é o tempo ansiado
de se ter felicidade.

Elton Medeiros