quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Mesa


O jornal dobrado
sobre a mesa simples;
a toalha limpa,
a louça branca

e fresca como o pão.

A laranja verde:
tua paisagem sempre,
teu ar livre, sol
de tuas praias; clara

e fresca como o pão.

A faca que aparou
teu lápis gasto;
teu primeiro livro
cuja página é branca

e fresca como o pão.

E o verso nascido
de tua manhã viva,
de teu sonho extinto,
ainda leve, quente
e fresco como o pão.

João Cabral de Melo Neto



Não deixo de acreditar nas coisas porque não existem.
Eu também posso me inventar para elas.


Fabrício Carpinejar