sexta-feira, 4 de abril de 2008



É estranho imaginar que tantos passam, e tantos passos perdem a cor no caminho. É estranho imaginar que poucos podem passar e quando passam, passam por cima de outros que não podem. Não querem passar. Cruzar de caminhos, cruzar de mundos em uma rapidez alucinante. Estou assustada. Sinto uma leve vontade de gritar. Meus passos serão mais ruidosos do que meu grito? Talvez. Cortam meu caminho a todo instante. Eu corto também, e não me machuco por isso. Pelos pés, passos, pelos passos, pêlos. Descanso.
(Bruna Hercog)

AULA DE AMOR


Mas, menina, vai com calma
Mais sedução nesse grasne:
Carnalmente eu amo a alma
E com alma eu amo a carne.

Faminto, me queria eu cheio
Não morra o cio com pudor
Amo virtude com traseiro
E no traseiro virtude pôr.

Muita menina sentiu perigo
Desde que o deus no cisne entrou
Foi com gosto ela ao castigo:
O canto do cisne ele não perdoou.
(Bertolt Brecht)

QUE SEU FINDI TENHA UM COLORIDO ESPECIAL!!


"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".


Chico Xavier

Nobre Atitude...





imagens I


Para evitar malentendidos
digamos desde já que nos amamos.
(Cacaso)

Fractals with Chi Mai (Ennio Morricone)




Escuto mas não sei
Se o que ouço é silêncio
Ou Deus
Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e fita
Apenas sei que caminho
Como quem é olhado amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco
(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Sugestões de presente


Amor. Bolinhas de sabão. O som de copos com água. O som das gotas no chão. Um sorriso tímido. A música por trás dos ruídos. Um coração encostado no outro. Um ou dois para sempres. Um avião nas mãos de um menino. Um barquinho de papel. Uma pipa atravessando as nuvens. Uma sementeira de tulipas. Um mingauzinho de aveia. Um par de meias listradas. Dois ou três cata-ventos. Uma palavra inventada.

Rita Apoena


"Perdão, eu te peço à distância, pela indigência das palavras, essas, que eu não falo e levo em mim e pouso sobre as tuas pálpebras cada vez que recostas a cabeça e fechas os olhos sem que saibas que eu te olho. Dizem coisas, essas palavras mudas, dizem teu nome entre meus lábios, adivinham tua respiração próxima ao meu rosto e o cheiro dos teus cabelos quando amanhece o dia. Falam das minhas mãos e dos teus rumos, essas palavras não-ditas, que perdem-se uns nos outros e do gosto que suspeito ter a tua língua pelo meu pescoço. Perdão, eu te peço à distância, e torço para que me surpreendas no verde amarelado da íris, instantes antes de eu deitar novamente incógnito meus segredos sobre teus olhos."
(Patricia Antoniete)

Boa tarde!