quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Cativar


"Estás à procura de galinhas?
- Não, disse o principezinho, procuro amigos. O que é que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."."


(Saint-Exupéry in O Principezinho)

AFONSO ESTEBANEZ STAEL



(A. Estebanez), advogado, poeta, jornalista e escritor fluminense, é verbete na “Enciclopédia de Literatura Brasileira” (vol. 1, pág. 562, 1990), composta pela Oficina Literária Afrânio Coutinho (OLAC), organizada por Francisco Igrejas e editada pelo Ministério da Educação e Cultura e Fundação de Assistência ao Estudante do Rio de Janeiro, e apontado também como verbete da literatura brasileira no “Dicionário de Poetas Contemporâneos”, organizado por Francisco Igrejas e editado por Oficina Letras & Artes, 2ª Edição, 1991 (págs. 25/26).

Nasceu em 30 de outubro de 1943 no ambiente agreste do município de Cantagalo, Estado do Rio de Janeiro, filho de Manoel Stael e de Francisca Estebanez Stael, descendentes de ancestrais ciganos emigrados para a Espanha e de alemães de origem judaica radicados nas regiões agrícolas da Bélgica, que posteriormente imigraram para o Brasil, entre 1820 e 1930. Ensino secundário no Seminário Arquidiocesano do Rio de Janeiro (56/62) e superior nas Faculdades de Direito e de Filosofia, Ciências e Letras da UFF em Niterói (65/70). Finalista nos 1º, 2º e 3º Torneios Nacionais da Poesia Falada patrocinado pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro (68/69/70). Vencedor do Primeiro Concurso Estadual de Poesia do Advogado Fluminense (87). Exerceu a advocacia desde 68 e ocupou o cargo de Oficial de Justiça Avaliador do TRT da 1ª Região (93), aposentando-se quando lotado na Vara do Trabalho de Cordeiro (99), por cuja instalação lutou como Secretário Geral de Administração daquele município (92), onde se destacou como um dos fundadores da 45ª Subseção da OAB/RJ. 29/12/07 Poesias Poesias
Tem obras publicadas em livros, jornais e revistas. Recentemente, concorrendo com o poema “O Último Dia de Trabalho do Pôr-do-sol no Mar” e com a crônica “Trabalho como Escrevente de Pequenos Príncipes”, o biografado venceu, em julho de 2007, o Primeiro Concurso Interno de Literatura do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT- Rio), nas duas categorias (prosa e verso), com premiação em obras literárias famosas oferecidas pela Academia Brasileira de Letras (ABL). Tem página pessoal em formatação no site de Alma de Poeta (www.almadepoeta.com/afonsoestebanezstael.htm), administrado pelo poeta e escritor Luiz Fernando Prôa.

Livros de poesia: Canção Que Vem de Longe, poesias, 1966, J. Gonçalves Editora, Niterói/RJ; Livro de Viagem ou do Depoimento, poesias, 1971, Editora Olímpica Ltda, Livraria São José, Rio de Janeiro/RJ; Em Tempo de Lótus, Lírios e Acácias...., antologia poética compartilhada com os poetas maçônicos J. Alves Filho e J. A. Galdino da Costa, 1978, Papelaria Brasil Ltda, Niterói/RJ.; Canto de Abrição e Outras Sinfolias de Beira-Campo, caderno de poesias e haikais, 1988, Edição do Autor, Rio de Janeiro/RJ.


EM TEMPO DE LÓTUS, LÍRIOS E ACÁCIAS...

Jamais perder o momento
de encontrar na boca
um sorriso...

Jamais perder a esperança
de encontrar na curva
um caminho...

Jamais perder a certeza
de encontrar no muro
uma porta...

O lótus pode ser
o momento de glória
da lama...

O lírio pode ser
o encontro da paz
na esperança...

A acácia pode ser
a certeza da vida
na morte...

AFONSO ESTEBANEZ STAEL


PASTOREIO

Depois que aqui for deixado
e todos tiverem ido
vou ser vento libertado
pelas mãos dos desvalidos
espalhando flor e pólen
no solo fertiliza
com o pranto dos oprimidos...

Vou soltar as estribeiras
cavalgar nuvens em pêlo
e aboiar as corredeiras
de meus rios represados...
Vou montar a liberdade
fingida das carpideira
na pena dos condenados.

Sob os lábios comprimidos
dente por dente calado
olho por olho cerrado
na masmorra dos sentidos...
Vou virar redemoinhos
e girar pelos caminhos
como pássaros banidos.

Meus sonhos pagens de ninfas
Luzes sombras sobre os lagos
prado em flor de claras tintas
de mistérios desvendados...
Vou apascentar meus mortos
na paz de ovelhas famintas
entre lobos saciados...


AFONSO ESTEBANEZ STAEL


EXALTAÇÃO

Meu ser entrego ao derradeiro alento
no desenlace de minha alma ungida
pela esperança de num vão momento
galgar a morte na ilusão da vida.

Mas tudo o que me resta é a fé contida
num rasgo de prazer do sofrimento
de rebuscar na treva a luz perdida
no inferno elemental desse tormento.

E em já meu ser demente e sibilino
qual num culto de amor semidivino
minh’alma exita e chora e, enfim, persiste...

E flui por entre estrelas e alvoradas
num turbilhão de luzes deflagradas
ante a certeza de que Deus existe!


AFONSO ESTEBANEZ STAEL


DESENCONTRO

Foi do esperado
que o ter perdido
me fez ter sido
desesperado.

O ter perdido
foi de viver
do haver morrido...

O ter vivido
foi de morrer
da haver sonhado.

Foi do encontrado
que o ter vivido
me fez ter sido
desencontrado...

Afonso Estebanez


SONETO NATALINO

Se se tem que ser hoje aquilo tudo
que em vida não se foi, podendo ser,
seja esse sonho mudo ainda mais mudo,
enquanto for eterno até morrer.

Se se tem que pedir, que sobretudo
seja a doce ilusão de merecer
ao menos a esperança como escudo
de quem sonha algum dia receber.

Peça-se amor que mais amor reclame,
prazer de desejar só dor menor
em sofrer o prazer que se viveu.

Senão com grande amor, não se desame
ou se ame com amor ainda maior
essa dor que tão grande se doeu!

(Afonso Estebanez)


CANÇÃO PARA MATHËUS

Tu vens do amor divino que te espelha
num concerto de cânticos que acalma
meus inquietos crepúsculos de estrelas
que adormeceram na constelação
da alma...

Vens do anjo mensageiro que me avisa
– o senhor ancestral de meu segredo –
que teu ser múltiplo me traz na brisa
o sangue em que percorres meu amor
sem medo...

Sabes de mim como do mar o vento
como sabe os destinos o horizonte
do barqueiro... De meu contentamento
de ser ilha onde sonha o meu infante
marinheiro...

Tu vens do lado claro de meu ser
como um sonho remido de criança...
Quantas e quantas eras me restei
vivendo por viver no itinerário
da esperança...


Mas veio da canção que não se cala
na flauta o que não fala é o que me diz
e o que me diz é feito do mais terno
amor do jeito eterno do meu lado
mais feliz...

(Afonso Estebanez)


Hai-Kai

Inverno... E ainda colho
no tronco daquele corpo
dois pomos maduros.

Sol nascente... As mãos
do dia vão desdobrando
a luz da alvorada...

Sol poente... As mãos
da noite vão redobrando
a luz do crepúsculo...

E para que as flores
se me feres com espinhos
quando te dou rosas?

Deixa-me tocar
com as mãos a tua boca...
Eu sei colher rosas!

Refúgio de lágrimas,
meu velho salgueiro ensina-me
a chorar sozinho...

Decepado o tronco,
o carvalho renasceu
em forma de berço.

Plantando em teu corpo,
lanço sementes de beijos
no alto das colinas...

Saciada de beijos,
entregas-me, enfim, a taça
do teu melhor vinho!

De braços abertos,
suplicas que a crucifique
na cruz de meu corpo...

Noite de São João.
Meus balõezinhos de sonhos
queimados na infância...

Resgatei o empréstimo.
Mas não sei como pagar
aquele sorriso..

Da gávea da noite,
com rede de luz, a lua
vai pescando estrelas.

Afonso Estebanez


SONETO DE IMPROVISO...

Vem desse amor eterno de você
uma canção tangida pelo vento
uma flauta no som do pensamento
que ressoa na alma e não se vê...

Um sopro mágico e um floral de ipê
num desfolhar de beijos ao relento...
Eterno como o amor à flor do tempo
que vem sem precisar dizer porque...

Uma canção de ser tão docemente
percebida... Tão leve se pressente
que a gente nem precisa perceber...

Pois vem do amor plural de sua vida
o arrebol de uma história resumida
na história de uma flor no alvorecer...

(Afonso Estebanez)


Eu sei quando tu vens

Não preciso sondar os pensamentos
nem consultar meu vasto coração
para saber os dias e os momentos
em que me vens trazer consolação...

A mim me basta olhar pela janela
e abraçar a manhã no meu jardim,
pois sei que a claridade que vem dela
é a luz do teu amor dentro de mim...

Deixo a brisa tocar a minha face,
ouço as aves que vêm me visitar
e sei de cada rosa que renasce
o teu mágico instante de chegar...

Converso com o vento no telhado
onde o tempo costuma te esperar
de um futuro presente antecipado
por anjos que me vêm te anunciar...

No canteiro de beijos e jacintos
o odor suave de uma flor qualquer
inflama de desejos meus instintos
famintos de teu corpo de mulher...

Então eu sempre sei quando tu vens
sem que precises avisar-me quando...
O amor proclama quando tu me tens
e me prepara quando estás chegando.


Afonso Estebanez Stael


Aquele tempo era de açúcar

Criança,
ama com fé e orgulho
a terra em que nasceste!
Será que não verás país
nenhum como este?

Houve um tempo em que a escola
era uma casa de aprendiz de amor à pátria.
Os muros eram feitos de melado e rapadura.
A professora tinha lábios de sorvete de morango
e o hino nacional era cantado à marselhesa
ao pé do mastro onde a bandeira tremulava
como um troféu entre as muralhas
da Bastilha.

O chão da minha rua era de açúcar
as calçadas torrões de chocolate
e a chuva no telhado
era baunilha...

Não havia entrelinhas na cartilha
e cada herói jazia em seu lugar.
Nossos pais, de bem pouco suspeitavam
nem a Voz do Brasil nada informava
sobre trilhas e ardis de vis tropeiros
caminhos das Bandeiras de piratas
e Capitães d’América e Mandrakes trapaceiros
fazendeiros vestidos de jagunços de gravata
lobisomens de araque e coronéis aventureiros
garimpeiros do Conde de Assumar...

Ah, nas crinas prateadas dos canaviais
a lua não se casa mais com o luar...
O vento deu lugar à brisa peregrina
fugitiva da fornalha das usinas
tocadas pelos braços servis
dos samurais.

Não têm nome de heróis os bóias-frias.
Nas galerias os heróis são generais...

A História apelidou de Tiradentes
o mártir solitário de certa Independência
de quem jamais ouviu falar Coimbra cujo nome
não consta nos compêndios
da Sorbonne...

Aqui onde nascemos e vivemos
a História dá nome às avenidas
mas os becos-sem-saída
não têm nome...

Porque este é o Mundo de Marlboro!
O cavalo furioso de fundo de quintal
o alpinista penial em spot-light
o cacoete do nacionalismo alcoólico o cigarro top-model
e o sexo oral...

O manifesto cívico e moral
do arquivo oficial da ditadura
nas entrelinhas da cartilha descartável
das aulas de melado e rapadura...


O chão da minha rua era de açúcar
as calçadas torrões de chocolate...
A praça da matriz de caramelo
iluminada com bolinhas
de sorvete...

Criança,
ama com fé e orgulho
a terra em que nasceste!
Será, será que não verás país
nenhum como este?

AFONSO ESTEBANEZ STAEL


Canto de Abrição

(Folia de Reis)


Tempo haverá em que
o canto ficará
completamente mudo.

A lágrima será como semente
da palavra salgada
que os olhos plantarão
entre os lábios.

Meu senhor dono da casa
escutai prest’atenção
vinde abrir as vossas portas
pra esse nobre folião...

Devastarão casa por casa
cada palmo de chão será salgado
arrancarão todas as portas
e janelas dos sentidos
como o corpo num ritual
de sucessivos fluxos menstruais.

Sempre a história se repete
como a fábula inventada
por um rei que tem de tudo
e um povo que não tem nada...

Mas eu atirarei minha canção
no telhado da minha casa
e a chuva arrastará meus versos
pelas calhas esgotos e canais
e os desaguará em mar aberto
como barcos que despertam
na restinga da manhã...

As noites se perderão
para sempre de seus dias
mãos cheias virar-se-ão
sobre o chão das mãos vazias.

Transmitirei meu canto
boca a boca
como flor que germina
pelo olhar.

Espalharei meus barcos no vento
e minhas asas no mar...

No banquete solidário
da miséria consentida
só não morre quem não come
porque a fome é dividida...

Cada grito renascerá
no som do apito de fábrica
cada pranto reprimido
será chuva derramada.


Meu pai se chama João Caco
minha mãe Caca Maria
juntando Caco com Caca Maria
sou filho da cacaria...

De verde as folhas lavadas
nos arbustos das colinas
aos pingos encharcarão
as ramagens de resina...

A sobra que cai de cima
não se bebe nem se come...
Como água não mata a sede
como pão não mata a fome...

Nossa voz terá o calor da luz
no interior de uma choupana
na floresta.
A chuva correrá por claros vales
como fios de lã levados pelo vento.
Os pássaros imigrarão de seus mistérios
e as flores da manhã se regozijarão
como sinos diáfanos de luz
que não se ouvem senão com o coração...

Não quero toda a farinha
somente um pouco do pão
com que vossa mãe Maria
esposou meu pai João...

Os pés dos pequeninos pisarão lá fora
não como as botas que hoje pisam
a relva da esperança
fecundada pelo orvalho...
Eles terão o seu itinerário certo
como as reses os sulcos dos campos.

Quem sobreviver verá
em passos desencontrados
o diabo passar no rastro
sob as cinzas dos reisados...


Todos entoaremos

uma canção que não se ouvia mais.
Os olhos verão coisas inacreditáveis...

E os homens se tornarão
mais unidos pelo amor
como irmãos num só rebanho
pela voz de um só Pastor!

Nosso ódio não tem mais ira.
Andamos de pés trocados
festejando os desmomentos
dos remates acabados...

Meu senhor dono da casa
escutai prest’atenção...
Vinde abrir vossa loucura
pro meu canto sem razão.


AFONSO ESTEBANEZ STAEL

O último dia de trabalho do pôr-do-sol no mar

(ou do penoso ofício de sonhar)

Havia o mar na sombra do horizonte
havia o pôr-do-sol na água sombria
havia o porto e a encosta do mirante
e os corpos dos amantes na mortalha
da água fria...

Havia as naus no dorso dos destinos
e a brisa que saudava a volta ao cais
com os corais dos cantos peregrinos
das harpas e violinos dos noturnos
vendavais...

Havia como um repousar do mundo
nos profundos jardins das enseadas
havia vasta ausência no mais fundo
das almas insepultas que sonhavam
acordadas...

Havia o céu de estrelas rutilantes
e havia o mar de ninfas reluzentes
e a corrente de espumas flutuantes
das errantes escunas entre luzes
fluorescentes...

Havia como um êxtase em preparo
talvez a luz em seu estado impuro:
mais parte escura do seu lado claro
do que mais parte clara do seu lado
escuro...

Agora onde era o mar há o oceano
o poente sem sonhos naufragados...
Jaz agora no cais em ritmado sono
o pertencido amor dos navegantes
afogados...

Ainda há aves mortas no convés
e há naves ancoradas sem destino
o declínio de auroras dispersadas
pelas marés da saudade em pleno
desatino...

Ficou uma canção de marinheiro
e um canto rústico de pescadores
o pôr-do-sol no doloroso encanto
de renascer, sonhar, depois morrer
sem dores...

AFONSO ESTEBANEZ STAEL


Lisa

Nos ciprestes quem dança
é a toada perdida
se é o vento quem canta
e quem chora é a brisa.

Chuva fina no rosto
e entre musgo escorrida
nas penugens do corpo
descoberto de Lisa...

No lençol de alvo linho
uma rosa imprimida
em sudário de cio
sob lua precisa.

Da janela do quarto
ouço vaga cantiga
de algum anjo em compasso
com os passos de Lisa.

E na rua quem vaga
é a flauta partida
da canção acabada
na toada indecisa...

Nos ciprestes quem mora
é a flauta perdida
se é o vento quem chora
e quem canta é a brisa...


AFONSO ESTEBANEZ STAEL


O Inferno do Céu

Em parte somos feitos mais de sonhos
em parte mais de morte e pesadelos...
Em parte entre conselhos de serpentes
que mentem como a face dos espelhos.

Flores não sangram sob seus espinhos.
Rosas nem sabem quando vão morrer...
Calam-se os ninhos quase indiferentes
se é para sempre quando amanhecer...

Amor é dom que não celebra a morte
são flautas gêmeas da canção da vida
que suaviza como o êxtase das almas
acalma o coração que ainda agoniza...

Não há inferno onde um grão de amor
viceja em forma de uma flor qualquer...
Ah, luz do arco-íris dos portais do céu!
Oh, véu da flor de quando o amor vier!

Inferno é a dor que queima sem amor.
Amor é fogo que arde sem queimar...
Amor que amarga e dói e permanece
chama que a alma aquece sem tocar.

Malgrado tudo existe essa esperança
de que o sonho de luto dos enfermos
seja apenas lembrança desse inferno
que jaz eterno dentro de nós mesmos.


AFONSO ESTEBANEZ STAEL


Livro de viagem ou do depoimento

PRIMEIRO

que tudo aceito a tirania da saudade
que levo como prova de amor envergonhado:
minha gente submetida da América deBaixo
é a mulher rendida da América de Cima.
As gaivotas negras da paz estão pousadas
nas sombras das pedras machucadas pelo tempo
– a decidir caminhos que vão não sei pra onde
gritando liberdade de não sei o quê.

O que humilha mesmo é essa guerra de muletas
onde a vergonha da derrota nos obriga
a colher restos de louro jogados pelo chão.
Acostumamo-nos a estender as nossas mãos estradas
e os nossos braços trilhos às locomotivas
que colidem todo o dia com o nosso coração.

E vamos passando em nós uma cidadezinha antiga
onde o Rei um dia prometeu passar...
– E não passou!

Não sei onde arranjei essa coragem de dizer
que nossas guerras são de auroras
renascentes na paz do sangue verde matutino
da criança que ainda acordará dentro de nós...


AFONSO ESTEBANEZ STAEL