Entre Fadas e Borboletas circulamos. Neste movimento transitório, inalterável, percorremos. Entre mistérios e paraísos lilases equilibramos. Entre matizes rosas e azuis voamos. E nos canteiros perfumados cultivamos. As flores mais lindas colhemos. Rosas vermelhas ou brancas exalamos. E nas manhãs de verão, nos amamos. (Paty Padilha)
domingo, 6 de abril de 2008
HAI-KAI
As suaves penas
do pássaro azul são
pedaços de céu.
Na mimosa flor
Que da árvore voou
Vi o Universo.
(Ilona Basatos)
CANÇÃO DE OUTONO
Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...
Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
Cecília Meireles
vingt ans vinte anos
Força cigana
Danço,encanto
Balanço...
Avanço no seu coração
Têm brilho minhas pedras
Tem luz meu olhar
Tenho magia nas minhas mãos
Força nas minhas palavras
Venho de terras distantes
De tempo passado
Sou andarilha
Não paro nenhum instante
Minha sina é mudar
Vou sempre de caminho em caminho
De lugar a lugar
No coração me achas
Sou amor!
Sou alegria
A paz que esperavas e não encontravas
Eu trago e lhe dou!
No girar da saia
No toque do pandeiro
Trago fartura
Levo tristeza
Nem assim perco a beleza.
(Adriana Rodrigues Torres)
Minhas Preces
Aos anjos entreguei você
Às fadas dei seu coração
Pedi que todos os
seus desejos sejam
realizados...
Abrir seu sorriso
No amanhecer
E seguir com ele
até o anoitecer
Iluminar seu caminho
Cobrir você de
Felicidades
E encher de paz
Seu coraçãozinho
Os anjos me responderam
Que estão a te proteger
Às fadas me prometeram
Acalentar seu coração
E todos os seus desejos
Realizados serão!
(Sirlei L. Passolongo)
O Segredo de Uma Fada
Um fadinha me contou
Onde ficava sua casa
Era um ninho de cogumelos
No alto da Serra Amada
Ela me contou ainda
Que um dia feliz seria
Se me dispusesse todo dia
A sorrir como uma menina
Acreditei em sua benção
E sorri o tempo inteiro
Mesmo quando a vida teimava
Em querer me fazer chorar
E num dia de janeiro
Sorri para as flores de um canteiro
Recebi um sorrido de volta
E nunca mais precisei procurar
(Helena Kluiser)
Contos de Fada
Sou bem uma princesa encantada
Que o príncipe veio beijar
E nos meus contos de fada
O que era vazio,
O que era nada
Em sonhos se transformou
E minhas lágrimas
Tornaram-se risos,
Conheci paraísos
Nas promessas de quem me amou.
E agora
Vivo nesse mundo encantado
Com um príncipe,
Por mim tanto amado,
Onde o amor supera a dor,
Onde tudo se transforma em flor,
Tenho um coração apaixonado,
Que só vive de alegria,
Que vive em nostalgia,
Acreditando que ainda é possível,
Mil e uma noites de amor.
(Letícia Thompson)
Que o príncipe veio beijar
E nos meus contos de fada
O que era vazio,
O que era nada
Em sonhos se transformou
E minhas lágrimas
Tornaram-se risos,
Conheci paraísos
Nas promessas de quem me amou.
E agora
Vivo nesse mundo encantado
Com um príncipe,
Por mim tanto amado,
Onde o amor supera a dor,
Onde tudo se transforma em flor,
Tenho um coração apaixonado,
Que só vive de alegria,
Que vive em nostalgia,
Acreditando que ainda é possível,
Mil e uma noites de amor.
(Letícia Thompson)
- Não, disse o príncipe. - Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"? - É algo quase sempre esquecido - disse a raposa. - Significa "criar laços"... (...) Eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo... (...) Minha vida é monótona. (...) Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim não vale nada. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos dourados. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo... (...) - Os homens esqueceram essa verdade - disse ainda a raposa. - Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
(Saint Exupéry, "O Pequeno Príncipe")
Descaminhos
Enigmáticos e ilusórios
Os caminhos da vida:
De encontros e desencontros;
De desencontros e encontros.
Um logro vivemos:
Sonhamos com riqueza, posição;
Inumamos altruísmo e beleza
No nosso lúgubre coração...
Coração - deslustrado pela vaidade;
Envilecido pelo egoísmo;
Torturado pela ambição.
Sonha, desditoso coração!
Passa, célere, o tempo.
Ainda não acordamos - sonhamos.
Célere a vida vai passar,
Mas não queremos acordar.
Até que um dia ela surge,
Infalível, pujante, veloz.
No cabarradas o escolhido.
Funesta, o envolve, sombria e feroz...
Nada mais resta, só o desencontro
Concreto e imponderável com a vida;
Não há mais nada, só o encontro
Abstrato, soberbo e telúrico com a morte...
(Sylvia Narriman)
Os Sonetos a orfeu
II.21
Canta, meu coração, jardins misteriosos
puros, fundidos em claros cristais.
Louva-os, pois são únicos e venturosos,
com águas rosas de Ispahan e Chiraz.
Mostra, meu coração, que florescem contigo.
Que por ti amadurecem os figos.
Sua atmosfera pura te serve de abrigo
e a folhagem brilhante te abraça como amigo.
Evita o erro: a sorte está decidida -
já não há como desistir de ser!
Fio de seda, no tecido da vida.
Não importa qual imagem fica impressa
(mesmo um fragmento da dor de viver),
o tapete que se estende é o que interessa.
(Rainer Maria Rilke - Trad: Karlos Rischibieter)
A arte de ser feliz
Houve um tempo em que minha janela
se abria sobre uma cidade que parecia
ser feita de giz. Perto da janela havia um
pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra
esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre
com um balde e, em silêncio, ia atirando
com a mão umas gotas de água sobre
as plantas. Não era uma rega: era uma
espécie de aspersão ritual, para que o
jardim não morresse. E eu olhava para
as plantas, para o homem, para as gotas
de água que caíam de seus dedos
magros e meu coração ficava
completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o
jasmineiro em flor.
(Cecília Meireles)
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