domingo, 6 de abril de 2008

Os Sonetos a orfeu


II.21
Canta, meu coração, jardins misteriosos
puros, fundidos em claros cristais.
Louva-os, pois são únicos e venturosos,
com águas rosas de Ispahan e Chiraz.

Mostra, meu coração, que florescem contigo.
Que por ti amadurecem os figos.
Sua atmosfera pura te serve de abrigo
e a folhagem brilhante te abraça como amigo.

Evita o erro: a sorte está decidida -
já não há como desistir de ser!
Fio de seda, no tecido da vida.

Não importa qual imagem fica impressa
(mesmo um fragmento da dor de viver),
o tapete que se estende é o que interessa.
(Rainer Maria Rilke - Trad: Karlos Rischibieter)