Entre Fadas e Borboletas circulamos. Neste movimento transitório, inalterável, percorremos. Entre mistérios e paraísos lilases equilibramos. Entre matizes rosas e azuis voamos. E nos canteiros perfumados cultivamos. As flores mais lindas colhemos. Rosas vermelhas ou brancas exalamos. E nas manhãs de verão, nos amamos. (Paty Padilha)
sábado, 17 de novembro de 2007
Eu
"Eu triste sou calada
Eu brava sou estúpida
Eu lúcida sou chata
Eu gata sou esperta
Eu cega sou vidente
Eu carente sou insana
Eu malandra sou fresca
Eu seca sou vazia
Eu fria sou distante
Eu quente sou oleosa
Eu prosa sou tantas
Eu santa sou gelada
Eu salgada sou crua
Eu pura sou tentada
Eu sentada sou alta
Eu jovem sou donzela
Eu bela sou fútil
Eu útil sou boa
Eu à toa sou tua".
(Martha Medeiros)
Quando Ela Fala
Quando ela fala, parece
que a voz da brisa se cala;
talvez um anjo emudece
quando ela fala.
Meu coração dolorido
as suas magoas exala.
E volta ao gozo perdido
quando ela fala.
Pudesse eu eternamente,
ao lado dela, escutai-a,
ouvir sua alma inocente
quando ela fala.
Minh'alma, já semi-morta,
conseguira ao céu alça-la,
porque o céu abre uma porta
quando ela fala.
(Macahdo de Assis)
Instantes
Eu queria voltar no tempo.
No instante do teu olhar intenso
Das tuas loucas fantasias quando me fitavas
Eu percebia
Lembras como eu te queria?
Não apenas nos beijos
Nas carícias plenas
Mas no teu todo estar
Queria encontrar teu sorriso
Beijar-te as palavras
Espiar teu sono
Te dar minha alegria, te roubando a tristeza.
Ser-te amiga constante
Companheira leal
A amante intensa
Alma na paralela, uma paz sem igual
Só que não é mais possível
Pois o instante do tempo passou
Mas tu lembras como eu te queria
(Liane Niremberg)
Perdidamente
"Eu quero amar,
Amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... Além...
Mais este e aquele, o outro e a toda gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender?
É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi para cantar.
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que eu saiba me perder...
Para me encontrar..."
(Florbela Espanca)
Predestinados
"Não importa a cultura pela qual a mulher seja influenciada, ela compreende as palavras mulher e selvagem intuitivamente.
Quando as mulheres ouvem essas palavras, uma lembrança muito antiga é acionada, voltando a ter vida. Trata-se da lembrança do nosso parentesco absoluto, inegável e irrevogável com o feminino selvagem, um relacionamento que pode ter se tornado espectral pela negligência, que pode ter sido soterrado pelo excesso de domesticação, proscrito pela cultura que nos cerca ou simplesmente não ser mais compreendido. Podemos ter-nos esquecido do seu nome, podemos não atender quando ela chama o nosso; mas na nossa medula nós a conhecemos e sentimos sua falta. Sabemos que ela nos pertence; bem como nós a ela."
(Clarissa Pinkola Estes)
Entre o profano e o sagrado
Mulher, apenasmente... mulher!
Amor, entre ser deusa e ser humana,
Voa meu sentimento, vagueia minh’alma...
Entre o divino mistério e o sagrado mister!...
Enquanto sinto-me ser eu tal e tão profana,
Do Olimpo, chega-me a essência que me acalma...
Meu corpo vive neste mundo assim profano,
Ativando, em nós, os traços mais carnais,
Enquanto, na procura dos laços divinais,
Minha emoção esvoaça nas nuvens do infinito,
Deixando agasalhar-se por seu manto.
Entre deuses, magos e sábios do Egito,
Entre as secretas lições de cada Arcano,
Busca a semente, o sagrado da origem
Deste amor nosso, puro e sacrossanto,
Que entre o Céu, a Terra e o Inferno,
Paira inocente, de pecado virgem!
Ardente, apaixonado, meigo, terno!...
Por Zeus! Que jamais se quebre o encanto
Que entrelaça nossos corpos e nossas almas!
Que entre a terra e o ar, entre o riso e o pranto,
Entre o fogo e a água, entre rosas e palmas,
Entre a descrença e a fé, a certeza e a esperança,
Seja sempre nosso amor a aliança
Entre o sagrado e o profano.
Viva ele eternamente assim tão santo,
Quanto, cada vez, bem mais humano!...
(Carvalho Branco)
Alma Errante
Sou cigana de alma
De corpo, pensamentos
Sangue quente correndo nas veias
E a música no coração
Saio sem destino no tempo
À procura de um lugar
Que seja o meu porto seguro
Onde em paz, possa ficar
Procuro a energia da vida
Que venha me libertar
Dos meus fantasmas, meus medos
Dando cor em seu lugar
Sou a cigana esperança
Cigana do fogo, da água
Temperança de elementos
Pronta a desabrochar
Sou a cigana do amor
Cigana na lua, na rua
Cigana do espaço etéreo
Cigana em qualquer lugar
Sou a cigana da vida
Que sente em suas entranhas
A força do sol, seu calor
Explodindo tal qual um vulcão
Nas minhas mandingas, feitiços
Bola de cristal e tarô
Vivo no espaço vazio
Procurando achar um amor
Pois como cigana errante
Que vive pra cá e pra lá
Busco um cigano de alma
Que queira em mim, se encontrar.
(Neli Neto)
O corpo da noite
Vens calada envolvente,
Noite quente cor rubi!
Esmeraldas prometendo,
Aquecendo frenesis...
Vens tãoclara, parecendo
Promessas de beijos mil,
Ou tão dias pardacentos,
Trazendo-me tanto frio...
Vens imersa no luar,
Diáfana onda vagas
Nua pelas madrugadas...
Vens com rosas orvalhadas.
Colhidas no chão do nada,
Do teu corpo virtual.
(Olga Matos)
A Espera
É sempre angustiante,
dilacera o peito
entrecorta a respiração
em ritmo difuso.
Têmporas latejantes
sorriso lânguido
olhar de incerteza
entre o ontem e o amanhã.
Coração bate acelerado
ou em instantes: parado
sem ritmo certo,
descompassado.
Sorriso triste
olhar distante
num arfar de esperança
em flashs: doces lembranças.
(Rosy Beltrão)
Pra você
É Pra você que chego...
com amor em forma de anjo
demônio em vestes de candura
a outra,
a mulher...
que amas e tanto queres
É pra você,
que faço melosa
Saudosa na espera,
ardente na entrega,
amante...
Mas tua!
Pra você,
Sou..
Urgências de encontros
onde esparramas teus versos
e deleitas -te
entre suores febris
e longos arrepios
neste corpo que é tão teu
Mesmo tendo
os nossos destinos de amantes
Espalhados a dois cantos do mundo,
Procuras -me...
numa cadência
que é própria do meu ser
É pra você que sou,
Mulher
plena de encantos
que se enrosca em tuas rimas,
e entre sorrisos nos lábios,
respirações ofegantes,
se entrega numa alucinada
demência de um amor delirante
Enfim...
É pra você,
que sou inteira de amor
a paixão das tuas noites,
Lembranças nos teus dias,
tua...
Mas só pra você
(Susana Mendes)
a dor
a dor não me adormece nem me prostra
em vez me ascende, clara vasta e justa
expondo a profundeza dos meus rios
a dor secreta e morna dos exílios
a dor de ver os filhos de partida
a dor de ver partir a própria vida
a dor de compreender que somos falhos
a dor não me atravessa nem me frustra
em vez me acende e arde e lustra e arrasta
exposta em labaredas nos meus cílios
que a dor não me adormece nem me afasta
em vez,
me castra marca vara
e cobra e custa
o amor suave e brando dos delírios
a concretização dos meus desejos
as cores dos caminhos que não vejo
o grito redentor que não persigo
que a dor não me entorpece e nem se alastra
em vez me prende e gasta e corta e afunda
a voz imunda vasta grave e presa
liberta e clara como as asas dos meus filhos
a dor que não me mata e nem me basta
voando enfim o céu das minhas incertezas.
(Nálu Nogueira)
Reflexão Sobre a Reflexão
"Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens...
não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue: É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
És tu. "
(Cecília Meireles)
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
desejasse.
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há um tempo.
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.
(Hilda Hilst)
Rumble Fishr
Liberdade
Último Pensamento
esse vazio
que me fita agora
deixa-me trêmula
pois percebo nele
um sentimento estranho
transformação de perda
tento alcançá-lo
ainda uma vez
mas ele se queda
assim paralelo
seus olhos fixados
insistentemente penetrantes
não conseguem me fazer par
desvio o olhar
respiro profundamente
mas meu pensamento
coloca-o em mim
novamente
então fecho os olhos
e me deixo encarar
não sem tristeza
pois que à mim
é assim que acontece
uma mágoa sentida
tão fácil seria
não deixá-la entrar
mas me deixei levar
confundindo
momentos
espaços
ternura
talvez provocada
apenas desejos
foi esse meu erro
confiei demais
em mim mesma
esquecendo
não se pode brincar
fingir faz de conta
sentimento maior
nunca se descuida
ele sempre acaba
por nos machucar
(Liane Niremberg)
Pura Magia
Quero te achar no ato de me dar,
Encontrar em ti o parceiro,
Nas afinidades dos objetivos comuns...
Quero compartilhar da tua vida,
Achar em ti cumplicidade,
Saber que escolhi,
Mas também fui escolhida...
Te quero desde a inspiração ao desejo absoluto.
Saber que para o amor não existe idade,
Bastando apenas o sentir, o se dar...
"Pura magia" a nos aproximar!
(Laura Limeira)
Devassando o Meu Íntimo
Por caminhos tão incertos
vagueio na procura de lembranças
rodopio nos sonhos tão inquietos
nos desvios da insegurança...
faço-me atrevida,
cavalgo o dorso forte do inconsciente
dou algumas voltas indolente
e volto atras arrependida
medo forte e sem sentido
faz de mim alienada
fujo para não perder e já tenho perdido
descubro-me, não sou nada
amores vãos e vividos
lembranças de sonhos sonhados
mesmo amorfos, ainda vivem atrevidos
no pobre coração apaixonado.
(Lara Cardoso)
Ferida
Sentimentos
Não me escondo...
nem me protejo...
de sentimentos
a me envolver!
Amando sou feliz
e divido com o mundo
a alegria de viver!
Amando completo-me
de amor intenso...
de paz e de prazer!
Amando sinto-o em mim
sem pensar no tempo!
Divago em paraísos
sem ignorar meu centro!
Depois do amor
a lassidão toma conta de ti
e adormeces languidamente!
Vigio teu sono!
Teu rosto sereno
e o sorriso calmo
a escapar-te dos lábios
me encantam!
Penso em te acordar...
mas ao ouvir
as batidas suaves
do teu coração
distantes dos desejos...
não me atrevo!
Em meu langor...
abraço-te carinhosamente...
Repouso a cabeça
em teu peito
e adormeço!!!
(Iracema Zanetti)
Eu sou aquela...
Eu sou aquela que vagueia nas ondas do tempo
Com o olhar virado para o jardim do infinito...
Beijando sonhos... afagando sentimentos...
Deambulando em fantasias... devaneios interditos.
Eu sou aquela que te procura... que te espera
Que sente o embalo das tuas delicadas carícias
Que ouve no silêncio... sussurros das tuas melodias...
Orquestra afinada de abraços perfumados de Primavera.
Eu sou aquela que recolhe do horizonte segredos...
Pétalas de estrelas coloridas... sorrisos floridos de luar
Que um dia plantaste no arco-íris dos desejos.
Eu sou aquela que conversa com a tua alma doirada
Decifra mistérios no orvalho das tuas alvoradas
E se deixa levar pelas brisas serenas da saudade.
(Fanny)
Ultimato
Ainda ouço as batidas do meu coração
Em uníssono ao teu.
A distância que nos foi imposta
Não me deu a resposta
Que tentei encontrar.
Tornei-me
Pêndulo
Sem prumo,
Viajante
Sem rumo,
A vagar... vagar... vagar...
Ah! Logo, a morte pode chegar
E me dar um ultimato
Antes que eu possa te reencontrar!
Não invejo a sorte de Ahasverus,
O Judeu Errante da lenda,
Condenado a viver vagando
Por todos os séculos...
Mas gostaria de viver mil anos
Para poder o tempo recuperar
E te amar... amar... amar.
(Eliza Teixeira de Andrade)
"As pessoas têm estrelas que não são as mesmas.
Para uns, que viajam, as estrelas são guias.
Para outros, elas não passam de pequenas luzes.
Para outros, os sábios, são problemas.
Para o meu negociante, eram ouro.
Mas todas essas estrelas se calam.
Tu porém, terás estrelas como ninguém...
Quero dizer: quando olhares o céu de noite,
(porque habitarei uma delas e estarei rindo),
então será como se todas as estrelas te rissem!
E tu terás estrelas que sabem sorrir!
Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido.
Tu serás sempre meu amigo (basta olhar para o céu e estarei lá).
Terás vontade de rir comigo.
E abrirá, às vezes, a janela à toa, por gosto... e teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu.
Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!"
(Antoine de Saint-Exupéry)
Semeio Se Meio
Sou meio assim
Meio deusa, semi deusa.
Meio mulher, semi mulher.
Meio humana, semi humana
Meio ser, semi ser.
Minha semi deusa
dá espaço a minha meio mulher
Minha semi mulher
abre alas para minha meio humana
Minha semi humana
dá passagem a minha meio ser.
Minha semi ser
é o meu meio de ser
eu...
(Cleusa Bechelani)
Rumor...
O mar, meu companheiro, leva meu grito.
Fiquei feliz sabendo que chegou.
As ondas, que me embalam, levam-me
e o vento brisa ajuda-me a voar.
Meu amor envio no rumor das águas
Meu corpo está sob a luz da lua
me deixo triste aqui na praia sonho
Mas pensamento vai como gaivota.
Fiquei feliz sabendo que cheguei...
Também estou a murmurar seu nome
Aqui desejo encanto do amor e beijos
daquela noite que eu guardo no coração.
Ficou no mar, ficou em mim, ficou o amor
no rumor constante de uma linda canção.
(Célia Lamounier de Araújo)
Façanha
Sou Assim...
Na verdade gosto de delicadeza.
De falar no ouvido,
De dançar na penumbra, coladinho.
Champagne borbulhando,
De dizer o não dito,
Apenas sugerindo.
Minhas ousadias - se existem -
Camuflam-na a timidez
Num sorriso,
Num olhar,
Num leve aperto de mão.
Estou sempre
No meio de flores, de aromas,
Nos braços de um abraço que
Me consome a saudade.
Sou assim,
Só melodia,
Em poesia,
Na noite e de dia.
Uma pausa. Um hiato.
Apenas um sonho,
Nada mais!
(Delasnieve Daspet)
Eu quero um homem
Eu quero um homem
Que me chame pelo nome,
Que me traga flores
No meio da noite,
E me faça sorrir
Por qualquer bobagem.
Eu quero um homem
Que me faça sentir importante,
Que me tire do sério, de repente
E me aponte,
no fim da tempestade,
Um arco íris...
Eu quero um homem
Que me faça sentir viva,
Que me surpreenda,
Que me fascine,
Que me entenda...
Eu quero um homem
Que me coma de frente,
Que me diga o que sente,
Sem mentir...
Eu quero um homem
Que eu possa chamar de amigo,
Que eu possa convidá-lo pra um chá,
Nas tardes vazias de domingo,
Que eu possa mostrar-me como sou...
Eu quero um homem
Que me faça companhia,
Mas me faça também sentir saudade,
Só pra poder voltar...
Eu quero um homem
Que me ligue na madrugada,
Que me tire o sono,
Com o que! tem a dizer
Que me encha de vida,
E que vá embora
Antes de me fazer sofrer...
(Angela Lara)
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