sexta-feira, 4 de setembro de 2009


A moça feiz as mala e si foi. Numa delas punhou amigo, lágrima e coração. A carroça era bem grande, que nem a estrada. Sorte que, mesmo com a fuga, ela num se esqueceu de butá endereço no biete que me deixou. Dizia assim:

(com sotaque, por favor)

Amigo,

Parto para o sertão. O estio sempre foi meu lugar. Deixo um pouco de oásis nessas palavras. Quando quiser,venha me visitar que eu te ofereço modesto abrigo.

Com muito amor,

Ass: A moça

Roberta Tostes

Boa Noiteeeeeeeeee


Sou um coração
batendo no mundo


((Clarice Lispector))






Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?

Guimarães Rosa

FORÇA


Desmancha o nó,
tira a ferrugem,
espana o pó.
Empurra o pesado,
cola o quebrado,
abre o dobrado,
cerze o rompido,
coça a coceira,
gruda o trincado,
pensa o ardido
e faz brincadeira do verso
chorado;
que a vida é rendeira
de sedas ou trapos,
de rendas, farrapos
ou fios de algodão;
que a fibra é comprida e o mundo
artesão.

(Flora Figueiredo)

"MinhaS desequilibradaS palavraS SÃO o luxO dO MeU SiLênciO."

(Clarice Lispector)

Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz...

Miguel Torga