quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Moda Antiga


Vive comigo um amor sem moda
Ou se for de moda, que seja antiga
Me manda uma “cartinha”
Com letras “redondinhas”
Cheias de “eu te amo”
Me escreve uma poesia
Cheia de “riminha”
Me proponha uma jura
Daquelas que não se fazem:
“Quer ser pra sempre,
Sempre minha?”


Cáh Morandi

Boa Noiteeeeeeeeeee

Hortênsia Azul



Como um último verde em um pote de tinta
As folhas têm um tom áspero,seco , velho,
Sob umbelas em flor que um azul pinta
Do falso azul, que é o seu remoto espelho.

Tosco espelho sem luz,choroso e baço
Como que prestes a perder o tom postiço,
Como antigo papel de carta já sem viço,
Onde o amarelo, o roxo e o cinza deixam traço;

Desbotado como o avental de uma criança
Que não foi mais usado e agora só descansa:
Como uma vida breve que se extingue.

Mas de repente o azul quer como que viver de
Novo em alguma umbela e se distingue
Um comovente azul sorrir de verde.


Rainer M. Rilke, por Augusto de Campos