segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Se me quiseres


Se me quiseres,
deite-se em minha margem
e sorva em pequenos goles
cada gota de minha nascente.

Queira-me tão intensamente,
anule meus quereres mais profundos,
sobressaia-se às minhas
infindas e doloridas recusas.

Mantenha-se firme
a penetrar minhas águas.
Minha margem à tua margem
se encontrarão um dia.

Ainda que eu recuse a doar-me,
ignore meus apelos.
Lambe-me as feridas úmidas
que escorrem de meus anoiteceres vazios.

Se me quiseres
e apenas
se me quiseres,
mantenha-se à margem.
(Cida Sousa)

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