domingo, 30 de dezembro de 2007

Fecunda


deixarei o legado da minha vida com uma outra vida. um porção dos meus pensamentos terão seqüência em uma outra cabeça. o meu ventre brotou. a semente mais terna fecundou a vontade de me tornar mais mulher dentro de mim mesma. o fruto que hospeda o meu ventre traduz as guerras que travamos em noites infindáveis. um entorpecente que carrega saliva e explosão para temperar a receita do enfrentamentos nas trincheiras.

completei meu corpo com um pedaço do seu corpo. e que hoje, a sua lembrança aloja minha barriga. compacta as minhas vísceras, me deixando redonda. a sua prole é uma planta que rasga o solo fecundo para se apresentar à atmosfera. o que até então se acomoda de forma latente, entra em errupção quando sentir o espaço minúsculo da vida uterina. que se justifica pelo despero de invadir a minha vida com sorrisos e choros em qualquer hora que o tempo me oferecer.

qual é o valor dessas adversidades? sendo que meus peitos ardem pelo tamanho e fatura para presentear em bandeijas majestosas? eu me resgaurdo ao papel fiel de tirar do meu corpo o sustento daquela que traz metade de mim e metade do meu amor. mesmo contaminada pela fadiga, não me cansarei da tarefa divina de ser mantenedora da minha vida. mesmo tremendo, enrigueço os músculos para enfrentar os tropeços da estrada. a tudo estarei alerta.
em noites mais pacíficas, assobro os seus finos cabelos amarelos. a onda do ar em movimento que atinge os cabelos dela, até parece picadeiro pelo sorriso discreto que estampa a minha boca. de repente me sinto mais infantil àquele pequeno material humano que descansa sobre o berço. infinito é o que carreguei dentro de mim.
(Campo de Força)

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