segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008


"Já és minha. Repousa com teu sonho em meu sonho.
Amor, dor, trabalhos, deve, dormir agora.
Gira a noite sobre as suas invisíveis rodas
e junto a mim és pura como âmbar adormecido.
Nenhuma mais, amor, dormirá com os meus sonhos.
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.
Nenhuma mais viajará pela sombra comigo
só tu, sempre-viva, sempre sol, sempre lua.
Já as tuas mãos abriram os punhos delicados
e deixaram cair suaves sinais sem rumo,
os teus olhos fecharam-se como duas asas cinzentas.
Enquanto eu sigo a água que levas e me leva:
a noite, o mundo, o vento enovelam o se destino,
e já não sou sem ti senão apenas o teu sonho."
(Pablo Neruda)