sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Tecelã



Horas a fio passo
Em tecidos nem tão maleáveis
A cardar e fiar...
Calejo os dedos que torcem e
Tentam agulhar os sentimentos claros
Calmos em que tento me [des]emaranhar
Mas a roca roda num desatino hipnótico
E entre um grito surdo e um olhar súplice
Muitas vezes sinto o sorriso
Nascer úmido e ir, aos poucos
Se estampando forte
Numa figura escarlate.
Finalmente consigo parir o fio e
Desde o primeiro instante
Com afinco busco alinhavá-lo
E vou entretecendo palavras que
Já foram usadas, como num patchwork antigo
Remonto, nesse meu coser sem fim,
Novos [?] mosaicos de mim...
(Patrícia Gomes)