Entre Fadas e Borboletas circulamos. Neste movimento transitório, inalterável, percorremos. Entre mistérios e paraísos lilases equilibramos. Entre matizes rosas e azuis voamos. E nos canteiros perfumados cultivamos. As flores mais lindas colhemos. Rosas vermelhas ou brancas exalamos. E nas manhãs de verão, nos amamos. (Paty Padilha)
domingo, 30 de março de 2008
Viagem
Da plataforma do meu trem vejo as coisas passarem.
Passou uma casa correndo, atrás dela passou um quintal e uma dona gorda com um filho no colo e trouxa na cabeça.
Passou um rebanho de vacas mastigando tristemente, sem ter outras coisas que fazer.
Passou um urubu voando assustado a procura da roubada solidão.
Passou depois uma flor e braço dado com outra flor, dançando, dançando, dançando...
Os bambus , as palmeiras, o capim, o arroio seco passou também correndo, cantando, cantando com o vento.
Um rio quis seguir a gente mas não pode mais e sumiu atrás de monte.
Passou uma nuvem correndo por cima dos pinheiras.
Passou a fumaça preta salpicada de fogo.
A fumaça era carvão e virou nuvem e o fogo então correu também para virar estrela.
Só eu fiquei parada na plataforma a espiar tudo.
Chegou o chefe do trem, disse que eu não podia ficar ali e sumiu também.
Passou a estação pequenina com um homem de uniforme e bandeira verde acenando sem parar.
Eu chamei minha amiga para perto.
E, então, ficamos vendo as coisas passarem.
(Maria Clara Machado)