domingo, 8 de junho de 2008

Lísias


No dia em que resolvi partir
uma fada ruiva me acenava
(e era uma sereia que cantava)
Abria os braços lívidos me chamando
à volúpia de uma viagem
que era promessa de luxúria eterna.

Quando ela canta vou me desfazendo,
meio adormecida, meio desmaiada,
hipnotizada com sua melodia,
que é rio,cachoeira: liberdade!
Seus vales brancos
que não explorei
ainda me chamam
com pessegueiros carregados
de frutos rosáceos
e sumarentos

Vou ao seu encontro:
cadáver manso
obediente à cova doce que me atrai
com essa existência
que dia à dia me trai.
Dá-me a grinalda, fada ruiva,
que eu, vencida e parva, a escolhi
para ser a minha pálida noiva


Adriana Manarelli

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