quarta-feira, 22 de julho de 2009

Hora do Chá



Mas acontece que não basta colher
As primeiras folhas da ponta dos ramos.
Nem esperar que a chaleira cante
E o chá desdobre os caracteres de sua escrita
Em água, perfume e topázio.

Não basta a receita:
Falta a elevada solidão,
O hino latente,
A dinastia do sonho.
Faltam as convergências
Do céu e da terra,
Os orvalhos e estrelas
Entre o sonhar e o morrer.

(Ah!somente a pedra sonora dirá, decerto,
No ar de ouro e seda,
O caminho saudoso dos ritos,
O ato de perfeição
Por que choram os nossos olhos.)

(Cecília Meireles)

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