Porque eu chorei, no meu violino,
Um morto amor que elas choraram...
Na meia-noite do destino,
As avozinhas acordaram...
A última arcada era tão triste
Que os meus olhos se emocionaram...
Coisas tão longe do que existe!
E as avozinhas recordaram
Todo um passado ausente e triste...
As avozinhas murmuraram
Frases antigas como lendas...
Frases, decerto, que escutaram
Entre jóias, leques e rendas...
As avozinhas murmuraram...
De alma, porém, desiludida,
Os olhos úmidos fecharam...
E, no ermo sonho da outra vida,
As avozinhas continuaram
A partitura interrompida...
(Cecília Meireles)
Nenhum comentário:
Postar um comentário