quinta-feira, 7 de outubro de 2010

CREPÚSCULO



É quando um espelho, no quarto, se enfastia;

Quando a noite se destaca da cortina;

Quando a carne tem o travo da saliva,

e a saliva sabe a carne dissolvida;

Quando a força de vontade ressuscita;

Quando o pé sobre o sapato se equilibra...

E quando às sete da tarde morre o dia

- que dentro de nossas almas se ilumina,

com luz lívida, a palavra despedida.



David Mourão-Ferreira

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