sexta-feira, 12 de agosto de 2011



Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial.
Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão.
Não há pigmentos.
O que há são são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma.
O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista,
atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos.
De água e luz ele faz o esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada;
de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim,
existem apenas meus olhos recebendo a luz do teu olhar.
Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.



Rubem Braga

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