Entre Fadas e Borboletas circulamos. Neste movimento transitório, inalterável, percorremos. Entre mistérios e paraísos lilases equilibramos. Entre matizes rosas e azuis voamos. E nos canteiros perfumados cultivamos. As flores mais lindas colhemos. Rosas vermelhas ou brancas exalamos. E nas manhãs de verão, nos amamos. (Paty Padilha)
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Metade
Que a força do medo que tenho... não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito... mas a outra metade é silêncio.
Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que tristeza.
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada, ainda que distante.
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece... e nem repetidas com fervor.
Apenas respeitadas... como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que eu ouço... mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço!
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável. Que o espelho reflicta em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância. Porque metade de mim é a lembrança do que fui... mas a outra metade eu não sei...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo... mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba... e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer!
Porque metade de mim é a plateia... a outra metade, a canção.E que a minha loucura seja perdoada...
Porque metade de mim é amor e a outra metade... também.
(Oswaldo Montenegro)
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