terça-feira, 8 de abril de 2008



"... e de novo então me vens
e me chegas
e me invades
e me tomas
e me pedes
e me perdes
e te derramas sobre mim
com teus olhos sempre fugitivos
e abres a boca para libertar novas histórias
e outra vez me completo assim,
sem urgências,
e me concentro inteiro nas coisas que me contas,
e assim calado,
e assim submisso,
te mastigo dentro de mim
enquanto me apunhalas
com lenta delicadeza
deixando claro em cada promessa
que jamais será cumprida,
que nada devo esperar além dessa máscara colorida,
que me queres assim
porque é assim que és
e unicamente assim é que me queres
e me utilizas todos os dias,
e nos usamos honestamente assim..."
(Caio Fernando Abreu)