sábado, 24 de novembro de 2007


A Flor do Sonho alvíssima, divina
Miraculosamente abriu em mim,
Como se de uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína.

Pende em meu seio a haste branda e fina.
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim!...
Milagre...fantasia...ou talvez, sina...

Ó flor, que em mim nasceste sem abrolhos,
Que tem que sejam tristes os meus olhos
Se eles são tristes pelo amor de ti?!...

Desde que em mim nasceste em noite calma,
Voou ao longe a asa da minh'alma
E nunca, nunca mais eu me entendi...
(Florbela Espanca in, "Antologia Poética")

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