quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Contra-mão


Um homem me espera amanhã.
Tem saudade do que não conhece
E diz gostar do que viu apenas uma vez.
Ele fixa-se na minha risada,
Perde-se na minha voz,
Precisa me encontrar:
Qualquer hora, por um momento...
Quer saber do meu pensamento,
De algum lugar no meu coração,
Do que estou vivendo...
Constrange meu espírito aflito
Que ainda não consegue divisar o desconhecido
E perde-se sem se entender.
Um homem me espera em cada esquina,
Comprime meu jeito espontâneo,
Não me deixa viver.
Vê uma beleza que não é minha,
Aposta num sonho que não posso realizar,
Me quer para sua vida
Quando sabe que não me terá.
Um homem me espera em algum lugar...
Traz na pele os meus segredos,
Conhece a idade da minha dor,
Enxerga minha alma negra:
Sabe o que se esconde por trás

De olhos brilhantes.
Bebe da água que verto,
E apenas sorri:
Entende que o riso desperta
Minha sensibilidade esquecida.
Esse, que não consegue me encontrar,
é o mesmo que vivo a buscar...
(Debora Böttcher)

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