sábado, 1 de março de 2008

Bar do Lulu


O bar do Lulu solta fogo pelas ventas.
Madrugada insinua ânsias lentas.

A juke-box desfila Perfume de Gardênia
- me alegro ao som do bolero plangente -
beijo na boca uma negra do Kênia
(nada do que é humano me é indiferente).

Calorosos aplausos da claque -
e eu peço ao garçom mais um conhaque.

Me esqueço de ti no bar do Lulu.
Säo tantas coisas tantos rires
viveres sonhares quereres
me sinto múltiplo de mim mesmo a nu,
que por näo estares acabas por näo seres.

Mas vai fechar o bar do Lulu
-metafísico alvorecer de claro-escuro -
empilham mesas, varrem o chäo duro
e eu pago a conta e subo a rua,
pra ir dormir junto com a lua.
(Otavio Ramos)

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