sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Fragmento


Meu Amor! Meu Amante! Meu Amigo!
Colhe a hora que passa, hora divina,
bebe-a dentro de mim, bebe-a comigo!

E à volta, Amor... tornemos, nas alfombras
Dos caminhos selvagens e escuros,
Num astro só as nossas duas sombras...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,

E me prendesses toda nos teus braços...
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Tenho por ti uma paixão
Tão forte tão acrisolada,
Que até adoro a saudade
Quando por ti é causada.
(Florbela Espanca)

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