sábado, 10 de novembro de 2007

Gata Doméstica


Sou gata doméstica,
mas livre e indolente,
completamente,
independente,
sem posse, sem dono,
sem coleira,
sem patrão.

Sou cria das bruxas,
felina e ferina,
melhor amiga do homem
- o meu!

Pior adversária do engano,
sou pacata,
gata mimada,
bichana indefesa,
temível tigresa,
de unhas mortais,
de beijos fatais.

Sou tudo e sou nada,
sou maga e amada,
vadia danada,
miando no cio,
teu fogo e pavio,
teu ego e espelho,
teu medo e teu erro.

Sou negra de pelo,
vermelha - que sangro -
de útero vasto,
meu corpo, teu pasto,
meu grito, teu nome,
teu osso, minha fome!
(Lílian Maial)

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